domingo, 26 de setembro de 2010

vai embora




pois bem, se queres assim


vai embora, pra longe de mim


busque outros amores


outros sonhos, assim dizendo: saudade





se queres ir, vai agora


um mundo de incertezas te espera


e assim querendo um forte abraço


vai embora... vai embora





e quando o dia amanhecer


sussurrarei baixinho : solidão


não demores muito por aqui, grande dor


vai embora ... vai embora...


Josinalda Lira













quinta-feira, 23 de setembro de 2010

grávida





de tanto amor



que fizermos


estou grávida


grávida de um beija-flor





em dias de sol ele nasce


e voa em busca de mel


já pari tantos filhos seus


e então todos sobrevoando




sobre as flores


porque seu amor


não é só palavras


é vida...












Josinalda lira

amor maior

todos esses espinhos que me oferece



tal qual um dia foi a coroa de um rei


eu dou todas as flores


que joga-se fora



e atravessa logo


meu peito


porque o amor maior foi Jesus


e ele vive



e o meu amor por ti


também viverá.









Josinalda Lira

terça-feira, 21 de setembro de 2010

o sapo enamorado





essa é a estória da princesa que


virou camponesa


e vive nos campos a lavrar


leu o pergaminho enfeitiçado


e trouxe de volta aqui em seu reinado


o príncipe encantado

- nem beije! não o beije!


gritou o sapo


porque nos contos de fada


o príncipe sou eu.


Josinalda Lira

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

cal da solidão



quando a última batalha dos meus olhos, se der por vencida!



e o furta - cor da pele queimada de afrodisíacos perfumes


aprisionar na garganta seca o som dos afogados sonhos


como resistir? a humana flor silvestre do sertão?


objeto perfeito das tuas vestes brancas de algodão


tecendo um emaranhado cordel nas linhas do teu sorriso


recolhe as flores de cactos da terra seca desse coração




e devora toda areia estéreo do mais quente e seco deserto


derrama pelas paredes do meu corpo o cal da solidão


derruba o labirinto de sonhos que nunca existiu


e apaga a luz artificial do nosso sol, manhãs que não tivemos


esconde todas estrelas azuis turquesa esquecidas na cama






e joga no cósmico toda tentativa inútil de esquecer


não verei mais esses olhos, olhos indecifráveis...


o vento esconde uma louca canção afável aos ouvidos


com palavras doces de amor que nunca foram ditas.





Josinalda Lira








































domingo, 19 de setembro de 2010

Ele

ele fala de amor



seduzindo-me


com um sorriso


ele é doce como o mel da flor



casto como a água da fonte


ele é forte e cruel


quando me olha


fazendo doer a alma


e todo meu singelo mundo


vira um inferno


e eu o exorcizo como a um astro


uma constelação única




e suprema


sinto-me um átomo


um enfermo sombrio


um pequeno pássaro que emigra


para tentar esquece-lo.


(do livro Fragmentos Póeticos)





(Fotos gentilmente cedidas  Leandro Freire)


 
 
Josinalda Lira

terça-feira, 14 de setembro de 2010

o tempo da paixão

qual o tempo



de medir uma paixão?

será pelo comprimento

invisível da linha da pipa


que o menino brinca?

será pelas ruas molhadas

transformadas em rios

que viajarão quilômetros ao mar

será pelo cordão umbilical do feto


que sorrir no ventre?













 
será pela distância da lua


que vive no céu a mudar de fases?


ou pela velocidade de um cometa



que passa longe da terra veloz?


ou será pela rapidez


de um animal em fuga das garras de um leão?


será que pra medir essa emoção
só nas batidas aceleradas do coração ?


que vibram e estremece no simples beijo apaixonado.




Josinalda Lira 13/09/2010













segunda-feira, 13 de setembro de 2010

deixe despir-me



nas linhas do equador


e do inverno sem amor


a vulgaridade da minha saia curta

 
    
 
e da castidade do meu peito
 
presos por nuvens cor- de – rosa.

que o jardim adormecido desperte


com a caça as borboletas, ninfas e fadas

onde existe tudo até um lago

submerso aos desejos teus.


Josinalda  Lira

sábado, 11 de setembro de 2010

O ciclo




hoje o ciclo se fecha



os astros e as constelações


o firmamento das estrelas


o que rege minha existência na terra


deslocou -se pra outras dimensões


e eu, centauro vibro a libertação


das correntes astrais


que prendia-me no buraco negro


agora a estrela maior


a estrela guia do nascimento


adotou todos os meus passos


nessa terra onde tu andas...



PS: Acredito  em uma força maior que liberta : Deus
e que todas as coisas ruins que me desejaram
estão no passado, pois Deus me libertou.


Josinalda Lira 

(minha foto)





matéria – prima

quero ser matéria- prima

na sua arte de amar


gelo nas suas costas largas


argila em formato de mãos.

vidro no reflexo do sol poente


no corpo ardente de luz


e ser semente que nasce entre os cabelos


o cimento, a massa corrida nos pés.

versos lúdicos do poema


ser a forma geométrica da barriga da sua perna


ser riacho nas curvas do rio


ser pedra preciosa, opala.

ser sal ardoroso mar dentro do corpo


tinta desenhada cor da boca


o bronze no busto em pelos


onde sossego e descanso o ventre

esculpido.




Josinalda Lira













segunda-feira, 6 de setembro de 2010








não havia lágrimas


não havia palavras


havia apenas dois corpos


unindo-se pelo desejo


havia um sorriso


guardado para depois


tantas coisas a explicar


sem haver explicação


olhos para falar


boca para se ver


só existia aquele momento


o mundo era o céu


o céu era o mundo


tantas pessoas reduzidas a dois


tantas coisas destruídas


apenas dois corações existiam


batendo fortes


escutando fracos


amando tanto


vivendo tanta loucura


tanta lucidez...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Josinalda Lira

prisão íntima



o mal sofra meu corpo; viaja nas curvas da minha existência


diga à bondade dos justos que eu a quero


também à misericórdia e ao perdão


desliza entre minhas mãos o céu


o inferno a um passo descalço do fogo


qualquer descuido a larva corrói as minhas vestes


diga a felicidade que me faça uma visita


qualquer dia desses um anjo bom me leve pra voar


rezo aos céus que me tire do castigo


o tempo cárcere da minha boca escarlate me deixe ir...


diga às flores do meu jardim que venham comigo ao fechar meus olhos.


diga também àquele homem que eu não consegui perdoá-lo


tenho fome das palavras verdadeiras, comeria todas elas


fale pro vento que sinto falta de suas carícias em meus cabelos...


queria reaprender a rezar o credo na madrugada


e fugir dos anti- cristos da terra


quero gritar para o cosmo o grande e inesperado retorno do amor


o nascimento gerador do espetáculo amar.






 


Josinalda Lira

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

terra da saudade



















aonde está você ?

onde estão as tuas asas que não pousam sobre mim



não me faz mulher


faz-me ave


para que voe em teu céu


busque o teu calor


e não sinta tanta saudade nessa terra


a tua liberdade me dói


não deixa de ser dor a tua voz


pássaro que grita


pássaro que canta


pelo mundo afora


mas sempre chora


quando não me encontra eu sei, só eu satisfaço


a tua sede


mas vejo a noite e o dia


passam-se rapidamente


não consigo nem em sonho encontrá-lo


as montanhas nos secam


os mares nos separam


só o céu é que nos une.










Josinalda Lira